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Produção em tempo real na Fimec destaca scarpin tipo exportação com meio ponto e tênis em knit com injeção direta

 

Ao longo de 2022, em comemoração aos 50 anos do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), a Revista Tecnicouro realiza uma série de reportagens retratando diferentes aspectos relacionados ao instituto, que foi criado em 1972 para ser o braço tecnológico da indústria calçadista brasileira que, naquele momento, sentia a necessidade de dar um salto em tecnologia e design para conquistar espaço como exportadora.

 

Ao longo da sua história, o IBTeC passou por profundas modificações estruturais para se adequar às necessidades do mercado, sempre tendo o foco voltado aos resultados das empresas e ao bem-estar dos usuários de calçados.

 

Um dos grandes projetos desenvolvidos pelo instituto foi a instalação de fábricas de calçados operando em tempo real nas principais feiras do setor, oportunizando o encontro de fornecedores, fabricantes e lojistas, enriquecendo as redes de contato entre os diferentes elos desta cadeia de produção e distribuição.

 

O INÍCIO

 

Tudo iniciou no ano de 1995, com o projeto Fábrica High Tech, que mais tarde passou a se denominar Fábrica Modelo (Couromoda). De lá para cá, foram desenvolvidos vários projetos na mesma linha, mostrando ao público frequentador das mostras calçadistas como são os processos fabris no setor. Os projetos Passo a Passo (Francal) e Fábrica Modelo de Artefatos, que cedeu lugar para o projeto ConecTech (Sicc), fizeram parte da história ao levarem grandes marcas para produzirem seus modelos de calçados e bolsas nas principais feiras do Brasil.

 

Atualmente, estão em operação os projetos Fábrica de Segurança (Fisp), que mostra os processos de fabricação de EPIs, o próprio ConecTech (Sicc), que possibilita o acesso a informações e tecnologias voltadas para os negócios, e a Fábrica Conceito (Fimec).­­

 

Hoje, no momento em que o Brasil recupera protagonismo no mercado internacional de calçados, o projeto Fábrica Conceito, em sua 12ª edição, produz na 45ª Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec) um modelo de calçado tipo exportação com meio ponto de numeração (uma prática usada tanto pelo mercado norte-americano quanto europeu). Também como destaque, um modelo de tênis em knit, produzido com injeção direta em PU.

 
 

A fábrica está focada ainda em duas questões fundamentais para as indústrias de calçados – sustentabilidade ambiental e soluções para a transformação dos parques industriais do setor para o conceito de indústria 4.0.

 

Realizado conjuntamente pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Fenac Experiências Conectam e Coelho Assessoria Empresarial, o projeto tem como propósito apresentar aos fabricantes de calçados que visitam a feira soluções tecnológicas para o processo de fabricação de calçados e artefatos. A cada edição, são convidadas indústrias de calçados para apresentarem seus produtos e experimentarem tecnologias lançadas na mostra.

 

O coordenador técnico do IBTeC, Paulo Model, responsável por toda a parte operacional do projeto, explica que são quatro linhas de produção – duas da Arezzo, uma da Paquetá e uma operacionalizada pelos alunos do curso técnico de formação de jovens da Escola Senai. Com a coordenação dos professores do curso, os estudantes produzem um modelo de sapato feminino fechado com salto Anabela.

 

70 empresas e 110 trabalhadores se unem para a fabricação de 2.200 pares

 

Na operação como um todo, participam 70 empresas, entre as marcas de calçados e fornecedores de máquinas, equipamentos, componentes, matérias-primas e soluções tecnológicas. Em torno de 110 operários (incluindo os 60 alunos do Senai) respondem pela produção de 2.200 pares de calçados nos três dias de feira.

 

Parte desta produção será doada para entidades de assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Outro aspecto social do projeto é a contratação temporária de profissionais que perderam seus postos de trabalho e se encontram disponíveis no mercado. Neste sentido, o projeto se torna uma vitrine para que eles possam mostrar as suas habilidades e serem novamente contratados.

 

Linha de tênis em knit com injeção direta

 
 

Em uma das linhas da Arezzo está em produção um modelo de tênis casual feminino e na segunda um modelo de tênis masculino, construídos com tecnologias de última geração. Pela primeira vez na história da Fábrica Conceito, foi montada – em parceria com a fabricante de máquinas injetoras Sulpol – uma linha de produção de tênis femininos em knit com injeção direta.

 

A linha de tênis masculino, também em knit, é montada a partir da técnica string, em parceria com a Isa Tecnologia. São ainda utilizados neste processo um fio especial da Rhodia e PU da Basf.

 

Scarpin tipo exportação tem materiais sustentáveis

 

Além do foco em melhorias tecnológicas, a sustentabilidade também está em destaque através do scarpin da marca Paquetá, que compõe a grade de exportação da empresa – todo pensado para atender o mercado internacional. Fabricado na numeração inglesa do 6 ao 10, o sapato é produzido no sistema internacional com meio ponto, para atender diferentes medidas de pés no seu comprimento. A preocupação com a sustentabilidade é verificada no cabedal, que é feito em couro isento de cromo, na palmilha de montagem composta de resíduos industriais e mais papelão duro, além do salto injetado feito a partir de material reciclado e do solado desenvolvido com base em borracha, com insumos oriundos de fontes renováveis.

 

Alunos do Senai mostram seu potencial

 

Na terceira linha de produção da Fábrica Conceito, os alunos da Escola Senai Calçado montam um modelo de sapato fechado que utiliza costuras programadas com alta tecnologia. Já as palmilhas têm processo de alta frequência, ambas tecnologias disponíveis através de parceria com a empresa Orisol.

 

O presidente da Fenac, Márcio Jung, afirma que estamos vivendo um momento ímpar. “Tanto no mercado interno quanto na América Latina, notamos a maior demanda por calçados que já houve em muito tempo. Esta realidade faz com que os fabricantes brasileiros busquem maior produtividade e melhores processos, para oferecer mais qualidade em seus produtos.

 

Desta forma, nunca foi tão importante buscar melhorias nos processos produtivos. Quem estiver melhor preparado vai obter melhores resultados e vai conseguir longevidade para sua empresa. Por isto, a Fábrica Conceito, inserida no ambiente de negócios da Fimec, é perfeita para que os fabricantes percebam, em um ambiente similar às suas fábricas, as melhores maneiras para implementar processos, tecnologias e melhorias em suas empresas.”

 

O presidente executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, lembra que o instituto tem alertado, desde 2020, sobre as oportunidades que os exportadores brasileiros teriam nos próximos anos, como consequência das tensões entre China e os mercados consumidores mais importantes do mundo, especialmente Estados Unidos. “Foi pensando nisto que inserimos no projeto um modelo de calçado todo voltado para o mercado externo. É uma oportunidade de os industriais de calçados que visitarem a feira prospectarem tecnologias e processos para implementar em suas linhas de produção. A Fábrica, que está em sua 12ª edição, historicamente contribui de forma significativa para o desenvolvimento do setor calçadista, porque ela é palco de importantes lançamentos de tecnologias, processos e insumos para qualificar a produção nacional de calçados.”

 

O diretor da Coelho Assessoria Empresarial, Luís José Coelho, afirma que neste momento, o mercado de calçados inicia um forte aquecimento, fruto da recuperação gradual da economia, do reabastecimento das lojas do mercado interno que estavam sem estoque, e do retorno de muitos importadores, notadamente do mercado americano. “Neste contexto, a Fimec retorna com toda força, mostrando através da Fábrica Conceito o que há de mais moderno, sustentável e inovador no setor de calçados. O projeto apresenta processos altamente eficientes e produz vários modelos, tanto feminino quanto masculino, mostrando ao público visitante vários sistemas produtivos que agregam alta tecnologia. Além disso, é o retorno do setor aos eventos presenciais na área de insumos e equipamentos.”

Régis Samuel Luft – gerente de Desenvolvimento de Produto da Paquetá

 

“Esta é uma experiência sensacional através da qual podemos demonstrar, na prática, um pouco do que é o dia a dia dentro da empresa, interagindo com fornecedores e visitantes que muitas vezes não têm esta visibilidade do processo. A troca de ideias e experiências que ocorre é muito positiva.

Sempre que temos a possibilidade de analisarmos um produto ou processo na prática, temos também a oportunidade de sermos mais esclarecedores, pois as explicações acompanhadas de demonstração se tornam mais fáceis de compreender. Com certeza a Fábrica Conceito proporciona maior visibilidade para análise das novas tecnologias e produtos expostos.

 

A Paquetá, ao longo dos seus 76 anos de história, sempre buscou atender com excelência as expectativas, desejos e sonhos de nossos clientes. Com respeito as pessoas, integridade, empreendedorismo, perpetuidade do negócio e trabalho. Com atenção para cada etapa do processo, garante assim a qualidade do produto final. Com a tecnologia envolvida, a mão de obra dedicada na confecção e o planejamento que foi feito para esta Fábrica Conceito, temos a possibilidade de demonstrar também a aplicação desses critérios.

 

Este tipo de ação que o projeto está promovendo também vai ao encontro de uma necessidade que as empresas e o mercado brasileiro têm, que é se manter competitivo em relação a outros mercados. Devemos nos manter ativos na busca por novas tecnologias, novos produtos e materiais e processos que possam agregar qualidade com valor competitivo”.

 

Rodrigo Ourives da Silva gerente de Operações do Instituto Senai de Tecnologia em Calçado e Logística Industrial e gerente de Operações do Centro de Educação Profissional Senai Gustavo Copé

 

“O setor de eventos de negócio tem, cada vez mais, um significado maior no contexto empresarial, pois é o propulsor da relação entre organização, imagem e público. Nessa ambiência, o Senai traz experiência, tecnologias e metodologia que fazem a diferença na formação dos futuros profissionais ou daquelas indústrias que almejam se qualificar cada vez mais, de olho no futuro.

 

A participação dos alunos e das alunas através da Fábrica Conceito provoca nos mesmos uma visão mais realista e atual da indústria, o desdobramento da formação profissional e, principalmente, o mercado de trabalho para o qual precisam estar preparados. Aos empresários a certeza de que o Senai é capaz de atender as demandas deste amplo mercado sendo, como se observa neste ano, protagonista ao desconstruir conceitos de fabricação e utilização de materiais.

 

Desejamos potencializar as conexões entre a rede Senai de Institutos de Tecnologia e Inovação e, com isso, fomentar a discussão no segmento calçadista construindo ações que contribuam para a consolidação do ecossistema gaúcho de inovação. Há 80 anos, o Senai é a casa da indústria com ânimo jovem, educação de qualidade e inovação”.

 

Luís Fernando Meurer – diretor de Engenharia Corporativa da Arezzo

 

“Nós, da Arezzo&Co, sempre estamos juntos com fornecedores e fabricantes buscando inovações e nada melhor do que participar de um evento dessa grandeza. Pois estamos reunindo pessoas de todas as partes do mundo com interesses diversificados, porém cada um no segmento. A Arezzo vem há várias edições participando da Fábrica Conceito e a cada ano que passa estamos juntos com entidades e fornecedores aperfeiçoando este projeto.

 

Este é um projeto muito interessante, pois na feira conseguimos mostrar e interagir com os visitantes sobre o processo produtivo, materiais e tecnologias. Isso vem sendo lapidado há meses, ou seja, tem todo um planejamento de modelos, matérias-primas, maquinários, processos que reunimos em um mesmo local para que todos interessados possam ver, tirar suas dúvidas e também fazer escolhas de materiais e equipamentos para uso em suas empresas. Servimos como uma espécie de laboratório nesse projeto.

 

Como somos uma empresa de fast fashion, temos sempre que estar atentos com relação às tendências. A partir disso, criar produtos com desejo a um preço justo e colocar o produto certo na hora certa à disposição dos nossos consumidores, com foco em produtos e processos de sustentabilidade. Participar deste projeto, assim como outras novidades que vêm do mercado, é um desafio, porém precisamos adaptá-los as nossas realidades. Com um bom planejamento, tudo se torna possível”.

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